Vale a pena fazer um curso de Primeiros Socorros em Áreas Remotas?

Resposta rápida: Sim, vale a pena, mas é preciso considerar alguns detalhes.

Qual a diferença entre um curso de primeiros socorros urbanos e um curso de áreas remotas?

Todos os cursos básicos de primeiros socorros te ensinam a fazer uma avaliação primária da vítima e fazer os procedimentos mais urgentes.(controle de hemorragia, reanimação cardiopulmonar e imobilização de membros)

A diferença do curso de áreas remotas é que ele considera que você vai passar muito mais tempo com a vítima até a equipe de resgate chegar, e com isso surgirão mudanças no ambiente e no estado da vítima, complicando a situação.

Esses cursos são só pra quem faz muita trilha?

Não, estes cursos são úteis para todo mundo.

Esses cursos são específicos pra trekking? São específicos pra montanha?

Não, os cursos se aplicam a qualquer cenário distante da rede hospitalar, não só áreas naturais, mas até mesmo uma cidade que ficou isolada devido a desastres naturais ou que teve suas vias de evacuação destruídas durante uma guerra.

Existe algum pré-requisito?

Não, você pode ser totalmente leigo(a) e começar com um curso de 80 horas, mas talvez seja mais difícil absorver tanto conteúdo logo de primeira, por isso sugiro começar com um curso um pouco mais básico.

O que você aprende nestes cursos?

Você aprende a fazer a avaliar os sintomas da vítima e fazer os procedimentos mais urgentes e vitais para mantê-la segura e estável até que ela possa ser levada a um hospital.

O que significam as siglas WFA, WAFA, WFR?

Essas nomenclaturas foram criadas nos Estados Unidos e se tornaram um padrão adotado em muitos países, elas significam:

WFA: Wilderness First Aid – 20 horas
WAFA: Wilderness Advanced First Aid – 40 horas
WFR: Wilderness First Responder – 80 horas

Eu comecei fazendo um WFA no Brasil, e depois um WFR no Chile.

O curso preciso realmente ter estes nomes?

Não, o mais importante a se considerar é a grade e a duração do curso.
A questão do nome é bastante polêmica porque muitos instrutores qualificados não usam estes nomes, e agora estão buscando certificações internacionais apenas por questão de marketing.

Qual a diferença entre cursos de Wilderness?

O WFA é o curso mais básico, dura um final de semana, e é recomendado para quem faz trilhas de 1 dia e que não se distanciam tanto da civilização, já que ele não se aprofunda muito no diagnóstico nem te prepara para a evolução do caso em períodos prolongados.

O WAFA, também chamado de WEC é, basicamente, um WFA com o dobro da duração. E nessas horas extras, você vai ter muito mais horas de atividade prática e simulações de cenário, portanto vai sair mais treinado(a) e confiante nos procedimentos. Eu considero que este é o mínimo que você deveria fazer.

O WFR é o curso mais avançado de todos, dura o dobro do WAFA e é recomendado para quem vai passar vários dias num local remoto. Esse curso te ensina a fazer diagnósticos mais detalhados da vítima e como lidar com possíveis pioras dos sintomas em períodos prolongados, em locais onde o resgate pode levar muito mais tempo. Além disso, o WFR inclui muito mais horas de atividade prática e simulação de cenários.

Qual curso fazer?

Se você ainda não tem curso nenhum, sugiro que faça o melhor que você puder pagar, o quanto antes possível, nem que seja um curso básico de primeiros socorros urbanos, pois qualquer conhecimento é melhor do que nada.

Se puder pagar… faça os cursos mais avançados!

Quanto custa?

O preço varia muito, depende da instituição, do local, da duração, do tipo de certificação, da oferta e demanda. Enfim…

No Brasil, os cursos WFA tem custado uma média de R$ 1200 e os cursos WAFA/WEC tem custado ao redor de R$ 2500. Já os cursos WFR, que são raríssimos, passam de R$ 5000.

No Chile e na Argentina, você pode encontrar cursos WFR a partir de R$ 1500, visto que esse curso é um requisito legal para guias de trekking, então há uma demanda muito alta de cursos todos os meses nesses 2 países.
Além disso, eles te dão a opção de emitir apenas um certificado nacional (não-americano) e isso também reduz o preço final, porém lembre-se que você precisa ser fluente em espanhol se for fazer o curso em outros países.

Onde fazer?

🇧🇷 No Brasil:

🇦🇷 Na Argentina:

🇨🇱 No Chile:

O certificado internacional é importante?

O certificado só importa realmente pra quem trabalha com atividades ao ar livre, mas a validade de um certificado estrangeiro depende da legislação do país.

Não adianta nada você ter uma certificação dos EUA, se ela não for reconhecida no país onde você for trabalhar.

No Brasil, não há qualquer exigência legal de que um guia faça um curso de primeiros socorros, portanto, não importa a origem do seu certificado e também não importa se você fez algum curso.🤡

No Chile e na Argentina, todos os profissionais do setor são obrigados a fazer um curso de primeiros socorros de, pelo menos, 80 horas. Ambos aceitam certificados estrangeiros desde que cumpram a carga horária.

Conclusão

Você fez algum desses cursos ou tem curiosidade? Deixe um comentário!

Eu não via tanta urgência de fazer um curso desses quando eu praticava trekking casualmente, poucas vezes ao ano, mas conforme fui me tornando um praticante assíduo, comecei a perceber que não podia postergar muito, pois quanto mais a gente se expõe, maior é a probabilidade de acontecer um acidente.

Quando comecei a trabalhar como guia de trekking, logo no meu primeiro serviço já vi que não podia me arriscar, e decidi fazer o WFA antes de continuar guiando. Agora, 1 ano e meio depois, concluí o WFR e estou muito feliz com isso. Posso dizer que o investimento valeu a pena.

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